A Ascensão das Casas de Ballroom em Manaus: Casa Konda
- Manauarou
- 28 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
A cultura ballroom em Manaus não para de crescer e, entre as casas que se destacam por seu impacto artístico, político e social, está a Casa Konda. Fundada em 2023 por ex-integrantes de outras casas da cena local, a Konda é uma força criativa que reflete a resiliência, ancestralidade e o poder transformador da comunidade negra e LGBTQIAPN+ na capital amazonense.
KIKI HOUSE OF KONDA

Foto: Mario Hirotoshi
Após o encerramento da Casa Matagal, um espaço pioneiro em abordar pautas racializadas na ballroom manauara, alguns de seus ex-integrantes encontraram na simbologia da cobra a essência para criar um novo ciclo. A cobra representa transformação, renascimento e mistério — valores que moldam o DNA da Casa Konda. Assim, o coletivo traça um caminho pautado pela coragem de reinventar-se, pelo fortalecimento de sua ancestralidade amazônica e pelo compromisso com a inclusão e o empoderamento.
Composta por 10 membros, a Konda já acumula importantes conquistas:
Baile Vermelho: 4 Grand Prizes (GPs)
Renaissance Ball: 3 GPs
Ball Purgatório: 1 GP
Dinastia Ball: 3 GPs

Mboiuna no Baile Purgatório
Foto: Felipe Amorim

Casa Konda no Baile Dinastia Ball
Foto: Mario Hirotoshi
Odara Konda: A Mother e sua Jornada na Ballroom

Odara Konda no Baile Dinastia Ball
Foto: Mario Hirotoshi
À frente da Casa Konda está Odara Konda, atual Overall Mother. Com uma trajetória que começou em 2018, Odara traz para a Konda uma bagagem rica de vivências e aprendizado. Sua entrada na cultura ballroom foi por meio de Simas Zion, com quem integrou a histórica House of Dení, a primeira casa da cidade. Na Dení, onde atuou como Princess, Odara aprofundou seus conhecimentos sobre as categorias e nomenclaturas da ballroom, além de aprimorar sua performance.
Após o encerramento da Dení, Odara tornou-se Second Mother da Casa Matagal, onde participou de um marco na ballroom manauara: a discussão aberta sobre o racismo dentro da comunidade. O fim da Matagal deu origem à Casa Konda, onde Odara assumiu uma nova posição de liderança. “Encabeçar uma casa foi uma experiência transformadora. Não me vejo mais como apenas uma competidora, mas como uma figura de liderança. Meu papel na Konda é aprimorar os talentos dos meus filhes, tanto dentro quanto fora da ballroom”, destaca Odara.
Além de liderar a Konda, Odara é conhecida por suas oficinas de Vogue Femme, onde busca, acima de tudo, que as pessoas se conectem com seu corpo e autoestima. “Cada aula é um desafio. Mesmo com um plano preparado, adapto o conteúdo dependendo das pessoas que estão lá. Meu objetivo é que cada participante saia se sentindo melhor consigo mesmo.”
A Casa também organizou seu primeiro evento, o Baile Funkonda, destacando a conexão entre cultura funk e ballroom, além de realizar ações sociais voltadas à saúde da comunidade iniciando um legado importante dentro da ballroom manauara. Como explica Odara, a Konda se propõe a ser um espaço de letramento político, formação cidadã e valorização racial. Suas ações já incluem uma apresentação na Virada Sustentável, uma marcha sobre moda e sustentabilidade durante o Festival Até o Tucupi e eventos que trazem visibilidade à cultura local enquanto promovem a inclusão e a autoestima.

Casa Konda no Baile Dinastia Ball
Foto: Casa Konda
Esta é a segunda parte de A Ascensão das Casas de Ballroom em Manaus, uma continuação das vozes e histórias que fortalecem essa cena vibrante e culturalmente relevante. Ao longo das edições, seguimos explorando mais casas, revelando novas histórias e suas contribuições ao cenário ballroom local. Agradecemos especialmente à Casa Odara Konda e a todos os seus integrantes, que compartilharam suas vivências e inspirações, enriquecendo nosso entendimento sobre resistência cultural, diversidade e arte na Amazônia.
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